14. Chuva.txt

A chuva bate, cada pingo um estilhaçar. TAU, PAU, TOK PIM, ela bate. O vento uiva, os lobos uivam, eu oiço a chuva e os lobos. Tudo me chega aos ouvidos mas oiço acima de tudo a chuva e os seus latidos, esta floresta está repleta de lobos e presas para os alimentar numa cadeia eterna de fome, som e silêncio. Uma cadeia de homens, de libertação em uivos e prisão do corpo. E ela bate e eu escuto, violência ecua no escuro, a violência do tempo que é tudo. Até os lobos precisam de abrigo da floresta que a chuva molha, cedendo-lhe o tempo antigo. Cedessem-me a sua continuidade, não era eu senão li...ricismo constante ardente no bosque, os lobos fogem das chamas, homens e lobos atrás da sorte. Tá tudo ardido, mesmo debaixo da chuva, tik, tok... plim... plop.

  • Tomar Novembro 2018